ABNC promove debate sobre valorização de produtos premium com lições do mercado de café, focando em diferenciação e união da cadeia
O 12º Encontro Nozes e Castanhas, realizado pela ABNC no dia 25, dedicou seu terceiro painel ao tema crucial da Valorização de Produtos Premium: Lição para Nozes e Castanhas. Sob a moderação da jornalista e consultora da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), Giuliana Bastos, o debate reuniu especialistas para compartilhar a experiência de agregação de valor no mercado de café, um setor com quase três séculos de atuação no Brasil.
Os painelistas foram Carlos Henrique Jorge Brando, da P&A Consult, que apresentou o “Case do Café”, e Marcio Milan, Vice-Presidente da ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados).
Lições do café: diferenciação e branding
Carlos Brando, fundador e sócio da consultoria P&A e autoridade reconhecida mundialmente em construção de marca e sustentabilidade em café, compartilhou a trajetória de sucesso do café brasileiro, especialmente na superação da barreira inicial de que só existia dois cafés no Brasil: Santos e Rio de Janeiro.
A virada estratégica se deu com o rebranding dos Cafés do Brasil, em 2000. O foco foi a diferenciação, com a criação do slogan “Um país, muitos sabores”, dividindo o país em regiões produtoras com características próprias. Brando destacou a importância de quebrar paradigmas na comunicação.
O sucesso na área de tecnologia foi outro ponto de destaque, mostrando que a mudança é possível quando se introduzem vantagens e benefícios. “Isso foi fruto de modificar a cabeça de muita gente,” afirmou Brando. A estratégia de promoção do café também envolveu canais como feiras internacionais e a criação de concursos de qualidade, como o Cup of Excellence, além da parceria com clientes emblemáticos como a Illy Café.
Brando ainda destacou que para o setor de nozes e castanhas, a sugestão é aproveitar a experiência do café, abordando temas como diferenciação, canais de promoção, qualidade consistente e sustentabilidade.
O varejo e o consumidor: a experiência do supermercado
Marcio Milan, vice-presidente da ABRAS, trouxe a perspectiva do varejo, ressaltando que o setor supermercadista emprega 9 milhões de trabalhadores e representa 9,12% do PIB. Sua fala se concentrou na mudança de mentalidade do varejo, deixando o foco exclusivo no preço para priorizar o consumidor e o desenvolvimento de categoria.
Milan relembrou a trajetória do Grupo Pão de Açúcar, que, apoiado pela ABIC, decidiu democratizar o acesso a cafés especiais, que antes não estavam nas gôndolas. O desafio inicial foi a resistência a produtos de maior valor. A solução veio com a união de esforços e a melhoria da comunicação no ponto de venda. Milan explicou a importância de educar o consumidor e, principalmente, os colaboradores.
A mudança na gôndola, criando um espaço que interagia com o consumidor e comunicava as origens do café de forma transparente, foi o grande diferencial. Milan reforçou que o sucesso do café especial no varejo foi resultado de uma parceria forte entre a indústria e o supermercado, destacando a importância da união da cadeia.
“O que a gente observou aqui nesse momento foi uma união em torno de melhorar a qualidade dos cafés”, relembra.
Para Milan, a experiência do café demonstra que, com criatividade e boa vontade, é possível elevar um produto commodity à categoria premium, uma valiosa lição para o setor de nozes e castanhas.