Food service e varejo apontam caminhos para ampliar o mercado de nozes e castanhas no Brasil

Painel reúne especialistas para discutir exigências do grande varejo, oportunidades no food service, impacto da criatividade gastronômica e a importância de fortalecer a produção nacional

O quarto Painel reuniu especialistas para discutir os caminhos de expansão das nozes e castanhas no food service e no varejo, mostrando como esses mercados exigem estratégias distintas, mas convergem na busca por qualidade, inovação e identidade brasileira. A moderação foi conduzida por Mariana Bacci, jornalista e food designer, que trouxe sua visão sobre redesenho de sistemas alimentares e a importância de aproximar ingredientes, cultura e consumidores. Ela destacou que a transformação real no setor depende de colaboração, método e empatia, e que produtos só ganham espaço quando o consumidor entende seu propósito.

Segundo Mariana, o avanço do mercado de nozes e castanhas depende de uma mudança de olhar sobre o sistema alimentar como um todo, em que produto, cultura e território não podem ser pensados de forma isolada. Ela ressaltou que o papel do food service e do varejo vai além da comercialização, já que ambos atuam como mediadores de comportamento, capazes de educar o consumidor e gerar novas percepções de valor sobre ingredientes nativos. Para a mediadora, quando há conexão entre produtores, marcas, chefs e consumidores, cria-se um ecossistema mais justo e sustentável, no qual a inovação deixa de ser apenas tendência e passa a ser uma ferramenta de transformação real.

Na sequência, Alessandra Gaidargi, diretora da Nutrilover, abordou o potencial do food service, que, diferentemente do varejo, trabalha valor agregado, funcionalidade e criatividade gastronômica. Ela ressaltou que o setor tem um papel central na formação de tendências e que nutricionistas se tornaram influenciadoras-chave ao conectar alimentação saudável, bem-estar e experiência. Segundo Alessandra, empresas de nozes e castanhas encontram no food service um espaço fértil para inovar, criar formatos diferenciados e ampliar competitividade ao se aproximar de restaurantes, cozinhas industriais e chefs que buscam ingredientes com história e versatilidade.

A palestra principal reforçou esses pontos ao demonstrar, de forma prática, como a presença das nozes e castanhas altera o valor percebido em um prato. A comparação entre um filé com batatas clássico e a mesma receita finalizada com batatas ao mel e uma mistura de nozes exemplificou a capacidade desses ingredientes de transformar uma preparação simples em algo premium. A palestrante destacou que no food service não basta vender preço: é preciso entregar solução, funcionalidade e narrativa culinária. Nesse contexto, o concurso de macadâmia foi citado como exemplo de como criatividade e território geram interesse real, com receitas que foram do doce ao salgado, como o talharim feito com macadâmia triturada, que uniu brasilidade e técnica.

O debate também abordou sustentabilidade, regeneração e a importância de fortalecer a produção nacional. As especialistas defenderam que a visibilidade só tem impacto se retornar em valorização ao território e às comunidades produtoras, lembrando que feiras, festivais e demonstrações culinárias são ferramentas essenciais para criar familiaridade dos chefs com os ingredientes. Destacaram ainda que o Natal é uma janela estratégica para reposicionar nozes e castanhas brasileiras com campanhas e receitas próprias, reduzindo a dependência de produtos importados.

O encerramento reforçou uma mensagem central: a expansão das nozes e castanhas no mercado passa por consistência, planejamento e capacidade real de abastecimento. Abrir portas é difícil e reabrir é ainda mais. Para crescer, o setor precisa unir qualidade, inovação culinária e comunicação clara com varejo e food service. Quando marcas mostram autenticidade, garantem entrega e se conectam à cultura gastronômica brasileira, toda a cadeia ganha força.

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