Modelo acreano une renda, conservação e valorização das comunidades extrativistas
A castanha-da-amazônia tem ganhado cada vez mais espaço nos mercados nacional e internacional, e o Acre vem se consolidando como uma das principais regiões produtoras desse alimento que simboliza a sociobioeconomia amazônica. No estado, o fortalecimento da cadeia produtiva da castanha passa pela adoção de estratégias sustentáveis que garantem renda, inclusão e preservação ambiental.
Para Kássio Almada, gerente comercial e profundo conhecedor do setor, o segredo do sucesso está em um modelo que valoriza o trabalho coletivo e a floresta em pé. Ele observa que a produção de castanha envolve centenas de famílias que atuam de forma integrada, com manejo responsável e práticas que respeitam os ciclos naturais. Esse processo, além de preservar a floresta, assegura que o produto chegue ao consumidor com qualidade e rastreabilidade.
Almada explica que a cadeia da castanha no Acre evoluiu muito nos últimos anos, incorporando tecnologias, capacitação e melhorias logísticas que ampliaram o acesso a novos mercados. Hoje, o produto é reconhecido não apenas pelo sabor e valor nutricional, mas também pelo impacto positivo que gera nas comunidades extrativistas. A renda obtida tem permitido que muitas famílias invistam em moradia, transporte e educação, consolidando um modelo de desenvolvimento que nasce da floresta e permanece nela.
Outro ponto destacado por Almada é a importância da diversificação de mercados e do fortalecimento das organizações locais. Ele afirma que o Acre tem trabalhado para agregar valor ao produto, estimulando o beneficiamento e a exportação, o que aumenta a competitividade e reduz a dependência de intermediários. Ao mesmo tempo, o vínculo com a sustentabilidade segue como eixo central. O trabalho com certificações e projetos socioambientais reforça a imagem da castanha como um produto que une economia e ecologia.
De acordo com o especialista, as experiências acumuladas no Acre demonstram que o cooperativismo e o extrativismo sustentável são caminhos viáveis para o desenvolvimento da Amazônia. O manejo da castanha, ao contrário de atividades que degradam o meio ambiente, incentiva a conservação das árvores nativas e estimula a permanência das populações tradicionais na floresta. Essa relação equilibrada entre natureza e economia tem se tornado referência dentro e fora do país.
Além do impacto econômico, a castanha tem um papel cultural e social importante, representando a identidade de comunidades que há gerações vivem desse produto. Almada ressalta que cada etapa — da coleta à industrialização — é uma oportunidade de fortalecimento local e de valorização do conhecimento tradicional. O resultado é uma cadeia produtiva mais justa, inclusiva e ambientalmente responsável.
Com o olhar voltado para o futuro, ele acredita que a continuidade desse crescimento depende da união entre produtores, governo e consumidores. O reconhecimento e o apoio a práticas sustentáveis são essenciais para que a castanha do Acre siga conquistando mercados e levando consigo a mensagem de que a floresta viva é um ativo valioso para o planeta.
A trajetória da castanha acreana mostra que é possível prosperar com equilíbrio, mantendo a floresta em pé e as comunidades fortalecidas. O sucesso desse modelo é prova de que o desenvolvimento sustentável não é apenas um ideal — é uma realidade construída dia após dia por quem vive e acredita na Amazônia.