Cooperacre se torna referência em sociobioeconomia e inovação sustentável no Acre

A Cooperacre é reconhecida como o maior arranjo produtivo da sociobioeconomia na Amazônia, exemplo de como o cooperativismo pode gerar riqueza, fortalecer comunidades locais e proteger a floresta. Para Kássio Almada, gerente comercial da cooperativa, o grande diferencial do modelo é aliar produtos comerciais a projetos socioambientais que garantem a preservação do meio ambiente. Ele explica que o trabalho da Cooperacre é feito em rede, valorizando o potencial da floresta em pé. “Trabalhamos em rede, com produtos de origem sustentável que trazem retorno econômico e dignidade para as comunidades. Conseguimos atrelar não somente o produto comercial, mas também a preservação da floresta com projetos socioambientais, como o Floresta em Pé”, afirma.

Fundada em 2001, a partir da união de cooperativas de base como a COOPAS, a Cooperacre nasceu do esforço coletivo de pequenos produtores que buscavam alternativas sustentáveis de renda. O início foi marcado pelo trabalho com produtos extrativistas não madeireiros, como a castanha e a borracha natural, que por décadas representaram a base econômica de muitas famílias amazônicas. A grande virada, no entanto, ocorreu em 2006, quando a cooperativa conquistou a concessão de uma indústria de beneficiamento. Esse passo permitiu agregar valor à produção, deixando de atuar apenas como fornecedora de matéria-prima. Em 2008, o portfólio foi ampliado com a fruticultura, consolidando-se a industrialização de polpas como uma nova frente de atuação. Essa trajetória deu visibilidade à Cooperacre e a transformou em referência de inovação e sustentabilidade em toda a Amazônia.

Hoje, a cooperativa reúne mais de três mil associados e está presente em 22 municípios do Acre, oferecendo não apenas suporte técnico e logístico, mas também segurança de comercialização em mercados nacionais e internacionais. Almada destaca que esse modelo muda a vida das famílias envolvidas. “Vemos produtores que conseguem comprar um carro, reformar a casa ou investir na educação dos filhos graças à renda da cooperativa. Isso transforma a realidade das famílias”, relata. Para ele, a força da Cooperacre está no equilíbrio entre gerar renda e preservar o meio ambiente, mostrando que o desenvolvimento sustentável é uma realidade possível na Amazônia.

O reconhecimento oficial reforça ainda mais a relevância desse trabalho. A recente visita do ministro do Trabalho à sede da cooperativa evidenciou seu papel estratégico na economia florestal e na consolidação de modelos produtivos que unem economia e ecologia. Almada ressalta que o apoio governamental é fundamental. “Não podemos desconsiderar o apoio do governo. Esse reconhecimento precisa se refletir em ações, porque é pela floresta que a gente luta, já que dela vem toda a matéria-prima que utilizamos”, destaca.

Além da dimensão econômica, a Cooperacre também se afirma como um projeto de transformação social. A organização promove educação ambiental, inclusão produtiva e oportunidades de trabalho para diferentes gerações. O impacto positivo vai além da renda: fortalece comunidades, valoriza o conhecimento tradicional e cria condições para que jovens permaneçam no campo com perspectivas de futuro. Almada reforça que o cooperativismo é um instrumento de cidadania, pois cria autonomia e autoestima para os produtores.

O olhar para o futuro é marcado pela inovação. A Cooperacre está investindo em novas tecnologias, ampliando a rastreabilidade dos produtos e planejando a construção de uma moderna planta de processamento para atender as exigências internacionais. Esse investimento abrirá portas para novos mercados e ampliará a competitividade da produção acreana. “Nosso objetivo é diversificar a produção, agregar valor e abrir novas vertentes que garantam a sustentabilidade da cooperativa e da floresta”, conclui o gerente comercial.

Assim, a Cooperacre se consolida não apenas como uma cooperativa de sucesso, mas como um verdadeiro modelo de sociobioeconomia, capaz de inspirar políticas públicas e iniciativas privadas em toda a Amazônia. Ao unir geração de renda, inclusão social e preservação ambiental, reafirma o papel do Acre como protagonista na construção de um futuro em que economia e ecologia caminham juntas.

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