A produção de cacau fino e orgânico da Fazenda Santa Ana, em Itacaré (BA), vem conquistando espaço além das fronteiras brasileiras. A Morbeck, marca que trabalha no modelo tree-to-bar — expressão que significa da árvore ao chocolate —, iniciou a exportação para Portugal de nibs de cacau e de sua mais recente linha: chocolates de 30 g com 70% de cacau fino, em embalagens modernas que ressaltam a origem artesanal do produto.
O modelo tree-to-bar garante controle de qualidade em todas as etapas, do cultivo à barra, mantendo a autenticidade do cacau fino. A decisão de reduzir a exportação de amêndoas foi motivada pelo chamado “Custo Brasil”, que dificultou a competitividade. Com isso, a empresa concentrou esforços na produção própria de chocolates, já disponíveis no mercado nacional e, mais recentemente, também em Portugal. A marca iniciou vendas na Ilha da Madeira, onde pretende abrir em breve sua própria loja.
O caminho não foi simples. Nos últimos anos, a pandemia de Covid-19 e uma cheia do Rio de Contas, que margeia a fazenda, impactaram significativamente a produção. Mesmo assim, a Morbeck persistiu e diversificou seu portfólio. Além dos tabletes, a empresa está finalizando um chocolate com açaí e desenvolve bombons recheados com geleias de cacau e de açaí, que prometem ser uma explosão de sabores.
O diferencial da empresa está na produção integrada: todo o processo, da colheita à fabricação das barras, acontece dentro da própria fazenda. Esse cuidado assegura rastreabilidade, qualidade e sustentabilidade, atributos que têm colocado a marca em destaque dentro e fora do país. A marca antes se destacava pela comercialização da amêndoa de cacau — a “noz” do fruto — hoje aposta em uma fábrica instalada na Fazenda Santa Ana, em Itacaré, para transformar sua produção em chocolates de origem.
O cacau da Morbeck já foi reconhecido internacionalmente, conquistando três prêmios em Paris, reforçando a qualidade do fruto cultivado em solo baiano. Esse destaque coloca o produtor entre os nomes que contribuem para consolidar a imagem do Brasil como fornecedor de cacau fino e sustentável, agregando prestígio e visibilidade à marca brasileira em um dos palcos mais exigentes do setor chocolateiro.
No Brasil, a Morbeck também marca presença em eventos como o Festival do Chocolate da Bahia, em Ilhéus, onde especialistas, produtores e consumidores se reúnem para celebrar a diversidade e a qualidade do cacau brasileiro. A identidade da marca também valoriza o simbolismo do cacaueiro, tratado como árvore sagrada, ligada por um “cordão umbilical” aos frutos que na tradição mesoamericana eram oferenda aos deuses. A ave narceja, identificada na fazenda, compõe esse imaginário ao representar a harmonia da produção com a cabruca, sistema que preserva fauna e flora locais.
A empresa também tem explorado o turismo rural como parte de suas atividades. Na Fazenda Santa Ana, os visitantes podem acompanhar aspectos da produção de cacau e chocolate, em uma experiência integrada ao ambiente da cabruca. A empresa mantém ainda uma loja em Itacaré e outra na própria fazenda, ampliando os espaços de contato direto com o público.
Com a exportação para o mercado português, a empresa amplia seu alcance internacional e projeta novos horizontes para o chocolate artesanal brasileiro. O avanço da Morbeck simboliza não apenas o sucesso de uma marca, mas também a valorização do cacau fino da agricultura familiar, que ganha cada vez mais espaço nos mercados gourmet globais.