O setor brasileiro de nozes e castanhas projeta 2026 como um ano de consolidação e expansão, marcado por crescimento da produção, fortalecimento do mercado interno e ampliação da competitividade internacional. Durante o 12º Encontro de Nozes e Castanhas promovido pela ABNC, produtores, especialistas e representantes da cadeia destacaram que o país vive um momento de amadurecimento, em que diversidade territorial, avanços técnicos e maior articulação setorial começam a se transformar em oportunidades reais para cada espécie cultivada no Brasil. Essa visão foi reforçada por Claiton Wallauer, presidente da ABNC, que apontou que “2026 já se mostra uma colheita interessantíssima”, com indicadores positivos em praticamente todas as regiões produtoras.
Um dos pilares para esse otimismo é a amplitude geográfica da produção nacional: a pecan ganha força no Sul, integrando-se a sistemas mais tecnológicos; a macadâmia consolida o Sudeste como pólo de qualidade; o caju mantém sua tradição no Nordeste, com crescente verticalização da cadeia; o baru se firma no Centro-Oeste como ingrediente de valor ambiental e gastronômico; e a castanha-do-brasil continua sendo um patrimônio econômico e sociocultural da Amazônia. Segundo os participantes, essa diversidade torna o Brasil menos vulnerável a sazonalidades extremas e abre espaço para desenvolvimento de linhas de produtos destinadas tanto ao consumo direto quanto ao uso industrial, panificação, confeitaria e food service.
Para o varejo, as perspectivas de 2026 incluem maior estabilidade de abastecimento e ampliação de categorias relacionadas à saudabilidade. Com consumidores cada vez mais atentos a proteínas vegetais, gorduras boas, fibras e ingredientes naturais, a expectativa é de que nozes e castanhas se destaquem em linhas premium, mixes prontos, snacks funcionais e produtos sazonais, especialmente em datas festivas como Natal, quando a categoria historicamente apresenta maior giro. O aprendizado do varejo é que educar o consumidor, ajustar embalagens, trabalhar narrativas de origem e garantir regularidade são as chaves para transformar presença pontual em compra recorrente.
No food service, o cenário é ainda mais dinâmico. Chefs, nutricionistas e indústrias de alimentação veem 2026 como um momento para explorar usos mais amplos das nozes e castanhas, indo além do consumo tradicional e incorporando esses ingredientes em molhos, bases, finalizações, massas, confeitaria contemporânea e até em substitutos proteicos. A versatilidade do setor permite que produtos brasileiros sejam embutidos em cardápios de diferentes perfis, do restaurante de alta gastronomia à alimentação coletiva, ampliando a familiaridade e deixando claro ao consumidor final o potencial sensorial, nutricional e cultural desses ingredientes. Esse movimento deve impulsionar tendências que depois chegam ao varejo, criando um ciclo de influência positiva.
Do ponto de vista institucional, 2026 também deverá ser um ano de avanços em projetos estruturantes conduzidos pela ABNC e parceiros. Estão no radar iniciativas voltadas à rastreabilidade, promoção internacional, qualificação de fornecedores, uniformização de parâmetros de qualidade, incentivo à agroindustrialização e ações de comunicação coordenadas. Para Claiton Wallauer, a missão da ABNC de “agregar todos os setores para mostrar o que é feito dentro do Brasil e o consumo que podemos ter aqui” se torna ainda mais urgente diante do volume crescente de produção e da necessidade de posicionar as espécies brasileiras como protagonistas, e não apenas alternativas às variedades importadas.
Além disso, o setor já trabalha com expectativas ampliadas para 2027, quando o Brasil sediará, no Rio de Janeiro, o encontro mundial de nozes e castanhas promovido pelo INC. O evento é visto como uma oportunidade histórica para apresentar ao mercado global a evolução da cadeia produtiva brasileira, atrair investimentos, firmar parcerias e consolidar o país como player relevante. Segundo Claiton, “a preparação para essa vitrine internacional passa obrigatoriamente por um 2026 robusto, em que o setor deverá demonstrar capacidade de entrega, consistência e organização, abrindo caminho para um novo ciclo de crescimento”.
Com produção aquecida, maior integração regional, consumidores mais atentos a ingredientes nutritivos e cadeias mais articuladas, o setor de nozes e castanhas entra em 2026 com confiança de que o Brasil pode ampliar sua presença nos mercados doméstico e externo, reforçando identidade, diversidade e sustentabilidade como pilares centrais desse avanço.