Sumário
O CEO e fundador da QueenNut, José Eduardo Mendes Camargo, acreditava que a transformação humana era a chave para lidar com a diversidade e decidiu usar a poesia para promover a integração e a colaboração. Como parte da busca pela excelência, a QueenNut promoveu treinamento de qualidade e desenvolvimento humano constantes para funcionários e parceiros, com base em programas sociais para qualificar jovens aprendizes e oferecer transferência de tecnologia agrícola e treinamento aos fornecedores. De acordo com José Eduardo, a maior inovação foi focar na transformação humana através da Poesia!
Os resultados impactaram muitas das 17 metas de desenvolvimento sustentável, especialmente: qualidade da educação (4), bons empregos e crescimento econômico (8), inovação e infraestrutura (9), redução das desigualdades (10), cidades e comunidades sustentáveis (11), proteção do planeta (13), vida na terra (15), paz e justiça (16), e parcerias para atingir as metas (17).
Inovação
Como parte da busca pela excelência, a QueenNut promoveu treinamento de qualidade e desenvolvimento humano constantes para funcionários e parceiros, com base em programas sociais para qualificar jovens aprendizes e oferecer transferência de tecnologia agrícola e treinamento aos fornecedores. De acordo com José Eduardo, a maior inovação foi focar na transformação humana através da Poesia!
Inspiração
A inspiração para essa inovação veio de José Eduardo ter observado que o desenvolvimento do seu negócio dependia de treinamento técnico, particularmente do trabalho com a “transformação humana”. No início, a estratégia adotada foi convidar líderes inspiradores para dar palestras aos funcionários. Depois de pouco tempo, José Eduardo teve um insight: Já que ele estava convidando palestrantes para falar em sua empresa, por que não expandir essa oportunidade de transformação para outras pessoas da comunidade? Portanto, além das palestras dadas apenas para funcionários e parceiros, José Eduardo começou a organizar eventos em cinemas em sua cidade, Dois Córregos, e em cidades vizinhas, convidando trabalhadores e suas famílias para participarem. Nesses eventos, ele percebeu que as pessoas mais inovadoras eram as crianças. Por volta da mesma ocasião, sua esposa teve contato com um projeto que visava levar “filosofia para as escolas”, mas como a paixão de José Eduardo era o amor pela poesia, ele teve a ideia de criar projetos para levar “poesia para as escolas!” O ano era 1995, e em vez de palestras com líderes, o “treinamento para transformação humana” veio na forma de “treinamento em poesia” para professores integrarem a poesia no currículo escolar para promover a diversidade, o interesse e o envolvimento na educação. Nesse ano, foi criado o Instituto Usina dos Sonhos, uma ONG cujo lema é promover “uma cultura de paz” com a poesia como meio para transformação social.
Impacto geral
O trabalho com poesia nas escolas chamou a atenção de um ministro do governo que solicitou que o projeto fosse implementado em escolas problemáticas com altas taxas de violência. O resultado foi surpreendentemente positivo porque, de acordo com José Eduardo, a poesia oferece um tipo de “metalinguagem” capaz de superar a diversidade, oferecendo um espaço tranquilo para interação e aprendizagem. A partir desse sucesso, o Instituto Usina dos Sonhos expandiu suas operações para além da sua região e estado. A pandemia ofereceu a possibilidade de convidar para reuniões on-line, poetas lusos de Angola, Moçambique, Cabo Verde e Portugal, bem como poetas latino-americanos de oito países sul-americanos. Novos projetos de poesia chegaram a muitas comunidades, incentivando-as a declamar e representar a poesia. O projeto Magia da Poesia montou duas peças que chegaram a mais de 100 cidades. Um cineasta brasileiro se interessou em fazer um documentário sobre a Usina dos Sonhos. Em 70 minutos de filme, foram documentadas as vidas de cinco homens e de cinco mulheres poetas com diversidade cultural, social e intelectual, tendo apenas a poesia em comum: “A poesia tem o poder de unir pessoas”, explica José Eduardo. A força da sua paixão o levou a criar um projeto em parceria com a Prefeitura de Dois Córregos, no qual as vias mais populares da cidade foram decoradas com poemas escritos nos tijolos: “Você caminha pela cidade e, a cada trecho, encontra poesia nas paredes e nas áreas públicas da cidade!” José Eduardo comemora. “Na entrada da cidade, você pode ler: Dois Córregos, aqui começa a poesia.” Um inspirado José Eduardo exclama: “Venho de antepassados que lutaram até a vitória. Oro para fazer justiça a essa Glória em meus caminhos; há verão, espinhos e flores. Os espinhos forjaram o meu caráter e as flores perfumaram meus caminhos. Mais um momento de Ascensão! Juntos venceremos com fé, humildade e determinação.”
Benefício comercial
Em 1989, José Eduardo iniciou um viveiro com o plantio de 250 mudas. Atualmente, a QueenNut Macadamia tem aproximadamente 100 mil árvores plantadas. É uma indústria que processa tanto as suas macadâmias quanto as de outros agricultores parceiros, totalizando 35% de toda a produção brasileira. O desafio de investir na macadâmia representou a busca pela integração da diversificação. O cultivo da macadâmia representa apenas 1% de todas as outras nozes, como o pistache e a castanha-do-pará, comuns no Brasil, mas o faturamento é o dobro. O compromisso e a seriedade na gestão do negócio rendem números e títulos importantes. A QueenNut exporta para os Estados Unidos e para vários países da América Latina, Europa, Japão, China, entre outros.
Benefício social e ambiental
Através do Instituto Usina de Sonhos e de suas ações, surgiram projetos que contribuíram para a comunidade. Esse sucesso atraiu a atenção de autoridades do governo que pediram a ampliação do escopo dos projetos para outras cidades e estados. José Eduardo pensou em quais outras paixões, além da poesia, ele poderia compartilhar com as pessoas para promover a transformação humana que era sua intenção. O Jiu-Jitsu, um esporte praticado por José desde criança também se tornou parte do “currículo de transformação humana”. Todos, incluindo chefes e funcionários, foram convidados a participar das aulas de Jiu-Jitsu da empresa. José Eduardo brinca: “Os funcionários, motoristas de caminhão, tratoristas e mecânicos, que participaram dos treinos de Jiu-Jitsu, ficaram satisfeitos em dizer que era a única empresa no Brasil em que o funcionário podia bater no chefe e não ser demitido!” Esse projeto de esporte também ultrapassou os muros da empresa. O Prefeito da cidade demonstrou interesse em oferecer aulas de artes marciais, Jiu-Jitsu e Capoeira aos jovens, especialmente da periferia, para afastá-los das drogas e desenvolver a disciplina, além de outros benefícios. Ainda com foco na transformação humana, a empresa contratou um fotógrafo para promover a educação ambiental, que registrou 70 pássaros da região que podiam ser facilmente avistados. As escolas receberam 800 livros ilustrados com materiais didáticos para incentivar o amor e o cuidado com a natureza. “Com esse projeto, atingimos cerca de 400 jovens. A QueenNut Macadamia plantou 400 hectares de macadâmia e 100 mil árvores. Durante a colheita, trabalhamos com 200 funcionários e produtores locais. É coerente com nosso escopo de ação promovermos a educação ambiental!”, exclama José, e continua: “Gosto de sonhos. Bobby Kennedy disse certa vez: “Alguns homens veem as coisas como elas são e dizem por quê. Sonho com coisas que nunca existiram e digo por que não?” E John Lennon disse: ‘Um sonho que você sonha sozinho é apenas um sonho. Um sonho que você sonha junto é realidade”. E há também um poeta do Rio Grande do Sul que costumava dizer: “… uma ponte de suspiros nos une!” Compartilhando suas paixões, José Eduardo desenvolveu projetos regados com amor, que germinam felicidade e favorecem o florescimento das comunidades. Como quando a Usina de Sonhos, em parceria com a Prefeitura, realizou um projeto de educação ambiental para ressignificar as árvores das calçadas da cidade. As folhas que caíam incomodavam as donas de casa, que reclamavam do tanto que tinham de varrer! A poesia chamou a atenção para a importância das árvores para os animaizinhos, sombras, etc., e as mulheres mudaram de opinião. A ressignificação também é o foco de um projeto mais recente que visa expandir o vetor econômico da região, quase totalmente dependente da atividade agrícola, para se tornar uma rota turística. Nesse sentido, está sendo realizado um levantamento dos atrativos da região, como, por exemplo, passeios turísticos, gastronomia e cultura ao longo do rio Tietê, no trecho que liga São Paulo ao interior. José Eduardo adaptou uma estrutura de comunicação que funcionava apenas para sua empresa para divulgar as belezas da região em um projeto que chamou de “Caminhos do Tietê”. A propaganda é feita por meio de rádio, TV e uma revista distribuída em todas as sete cidades mapeadas para promover a rota turística. “Nossa comunicação tem como objetivo criar informações ágeis e corretas com conteúdo inovador para apoiar a integração e o desenvolvimento regional. Estamos mostrando o que temos de melhor em gastronomia, ecologia, arte e o que temos em infraestrutura de hotéis e pousadas para aproveitar e desenvolver o turismo em nossa região. Quero que essa rede de comunicação alavanque o desenvolvimento regional. Vamos tentar fazer o que começamos a fazer na nossa cidade de Dois Córregos, agora para a nossa região. Vamos nos conhecer expandindo!”
No final da entrevista, perguntei como ele se sentia fazendo parte dessa linda história, e José Eduardo respondeu: “Eu me sinto bem porque essa troca de energia me alimenta… Novos projetos, conhecer pessoas interessantes, ver que as pessoas estão em transformação! É isso que me dá vida, certo? Vou fazer 73 anos de idade, mas ainda me sinto muito animado!” E ele encerrou a entrevista recitando um poema de seu livro Luminescence: “Vou acordar como o sol que desfaz as nuvens, aquece os corpos e se perde no horizonte. Vou me recolher como a lua dançando entre as estrelas, refletindo-me nas águas, iluminando os caminhos dos encontros. Vou me fundir em sua luz, e nossa união brilhará no universo.” (José Eduardo Mendes Camargo, 1997, Luminescence).
Fonte: AIM2Flourish | Poetry for Human Transformation and Integration